O case de Thiago Ávila: planejamento de carreira já!

Carreira

Habituada a dar mentoria focada em gestão de carreiras profissionais – e também para empresas –, em geral, meus clientes estão numa faixa etária acima dos 35-40 anos, até porque é nessa fase que quem está construindo sua trajetória profissional está mais focado e ciente de que, para prosperar na carreira, há um trabalho sério a ser feito, que exige dedicação. No entanto, no final de 2019, fui surpreendida com um desafio inusitado: um amigo de infância queria que eu ajudasse seu filho, de 21 anos, a traçar seu plano de carreira.

 Esse convite me surpreendeu por dois motivos: (1) Não era bem esse perfil de profissional que eu estava acostumada a trabalhar; (2) O rapaz era muito jovem e já tinha consciência de que uma carreira tem de ser planejada para ser bem-sucedida!

Fiquei impressionada e, claro, quis conhecê-lo. Esse garoto era o Thiago Ávila. Ele havia acabado de se graduar em Jornalismo e estava completamente sem norte. Reconheci nele um grande potencial e topei ser sua mentora.

Essa é uma história da qual me orgulho, pois tive a oportunidade de participar de diferentes momentos da vida do Thiago e ver seu caminho ser construído de uma maneira bastante peculiar: ele se formou, trabalhou com uma série de produtos, inclusive um livro, foi para o seminário católico e retornou, no ano passado, para o “mundo”, como ele gosta de dizer.

Sou muito grata ao Thiago pela confiança que ele vem depositando em meu trabalho. Generoso, ele me permitiu estar ao seu lado na construção de uma carreira linda e promissora, a de escritor. Não tenho dúvidas que ele irá muito longe.

Mas não sou eu quem vai contar essa história. É ele mesmo. Confira, a seguir a trajetória desse jovem que, desde cedo, está focado em traçar um plano de carreira sólido e sustentável.

A história de Thiago Ávila, por ele mesmo

Eu tinha 21 anos, quando terminei minha faculdade de jornalismo. Olha que orgulho, um garoto prodígio já pronto para o mercado de trabalho… Na verdade, a grande maioria sabe que as universidades de hoje não preparam para a vida profissional. Elas podem dar o conteúdo, mas com o resto é você que tem de se virar. É como se você saísse de uma faculdade e começasse outra: a da “vida adulta”.

Depois que me formei, eu estava perdido profissionalmente. Morei por quatro anos em Porto Alegre (RS), estudei na PUCRS. Ao final da graduação, sem expectativas de oportunidades profissionais, acabei retornando à minha cidade natal, Criciúma (SC).

Por ser um garoto de muitas ideias e estar sempre buscando novas atividades, nesse período de faculdade, me dediquei a três projetos pessoais: um canal no YouTube de Beyblade (Thicos Bey, com 12 mil inscritos); um blog de automobilismo, no portal 4oito, da Rádio Som Maior, de Criciúma; e um livro de ficção: Duelo dos Campeões – O Império de Tutan Kamon.

Quando retornei para Criciúma, recebi uma proposta do meu grande parceiro João Nassif, que me deu a oportunidade de escrever para o blog do portal 4oito e trabalhar no novo programa de esportes que ele estava montando na Rádio. Meu trabalho era: gravar boletins diários sobre automobilismo e manter a frequência do blog. Trabalhava numa área na qual sou apaixonado, mas o que eu fazia ainda era muito pouco, perto do que eu poderia desenvolver.

Por outro lado, meu canal no YouTube, que acabei dando um enfoque maior em 2020, estava dando prejuízo, não valendo a carga de trabalho que eu estava direcionando para ele. Já meu livro… Este estava em fase de publicação, o que era uma excelente notícia. Porém, eu estava extremamente preocupado com o que ele renderia. Será que alguém iria ler? Será que eu iria conseguir vender alguma coisa? Será que a editora iria me ajudar na venda ou eles iriam se esquecer de mim, depois de publicado? Bom, todas essas preocupações me levaram a um desespero profissional. Havia encerrado a faculdade e não tinha nenhuma perspectiva para o futuro.

Meu grilo falante

Foi quando conheci a Cris Barata, que era colega de infância do meu pai. Ela se posiciona no mercado como uma coach de gestão de empresas e profissionais, mas, para mim, ela é minha mentora, que me provoca assim como o grilo falante do Pinóquio. Foi ela que conseguiu o milagre de pegar o meu cérebro sanguíneo, fabricante de ideias ambulantes, completamente desorganizado, e colocá-lo no lugar certo.

Juntos construímos o “Hora de Acelerar”, um projeto que reuniu toda a minha essência: a paixão pelo automobilismo, a comunicação, o jornalismo, a “nerdice” de querer vasculhar tudo o que diz respeito a um tema (eu ainda vou escrever o almanaque da Fórmula 1), os meus valores morais. Ela me ajudou, principalmente, organizar as minhas ideias para que resultassem em ações e projetos possíveis de serem realizados.

Tivemos um resultado impressionante para o primeiro ano de projeto, com a página no Instagram chegando a mil seguidores e o canal do YouTube com mais de 100 mil visualizações – em apenas um vídeo –, em menos de um mês de publicação. Foi um projeto muito bacana, mas ele está em pause.

Atendendo ao chamado

No começo de 2022, deixei de lado minha vida profissional, para focar no lado espiritual. Às vezes é bom dar uma “desacelerada”. Entrei num seminário católico, respondendo a um chamado que, há anos, Deus vinha me fazendo. Parti, então, para um momento de reclusão: sem celular, sem computador, como num deserto, longe da cidade. Foram seis meses como seminarista, não virei padre (na verdade nem completei a primeira etapa) e retornei ao “mundo”. Joseph Campbell diria em seu conceito de “Jornada do Herói” que essa é a fase do “ventre da baleia”, assim como o profeta Jonas, que precisou ficar três dias dentro de um grande peixe, para tomar coragem e visitar Nínive.

Preparado para encarar os desafios que o mundo oferecia, a primeira pessoa com quem fui falar foi, justamente, a Cris. Conversamos como amigos, sem nenhuma relação profissional. Essa é a amizade e a confiança que construímos.

Meu porto-seguro

No momento, estou no processo de escrita de dois novos livros e Cris é meu porto-seguro, para me inspirar com novas ideias, me orientar para o caminho certo e me conectar com pessoas que também podem colaborar com tudo isso.

Hoje, aos 24 anos, tenho certeza de que não sou a mesma pessoa de três anos atrás, jogada no mundo dos adultos, desesperada por não saber o que fazer. E grande parte da “culpa”, por eu ter entrado na linha, é da Cris Barata.

Deixe um comentário

Posts relacionados