Como liderar na era da Inteligência Artificial?

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Essa é uma pergunta que muitos executivos vêm fazendo, desde que a explosão das Inteligências Artificiais Generativas trouxe um misto de estupefação e desconfiança. Afinal, estamos testemunhando uma verdadeira revolução tecnológica. A ascensão da IA no cenário de negócios tem gerado ondas de excitação, oportunidades e, para alguns, incerteza.

Gonzalo Gortázar, CEO do CaixaBank, captura esse sentimento dúbio, quando disse, em estudo da IBM: “Modelos generativos nos surpreendem, impressionam e amedrontam. Tudo ao mesmo tempo.”

Sim, é verdade. Tudo isso gera sentimentos contraditórios. No entanto, como mentora de negócios e carreiras, tenho incentivado meus clientes a explorar de maneira profunda e atenta as potencialidades das IAs generativas em diversos setores. E por quê? A resposta é simples: vislumbro uma colaboração sem precedentes entre tecnologia e talento humano. Claro, que temos de procurar o equilíbrio em tudo isso. Num terreno desconhecido, é preciso ter curiosidade para que se avance na exploração, mas também uma dose cautela, porém, calculada, para que a ação não seja paralisada.

Meu histórico com Inteligência Artificial vem desde a minha época de faculdade, quando fazia Ciências da Computação. Em 1986, apresentei meu TCC justamente sobre esse tema. Isso há 37 anos! Em minha carreira na área de Tecnologia participei de eventos pioneiros como a implantação de provedores e redes locais de Internet na região de Criciúma (SC). Como muitas pessoas da minha geração, assisti à chegada do fax, celular, redes sociais, sites e muitas outras inovações que foram evoluindo ao longo do tempo. Mas por que estou dizendo tudo isso? Porque sempre acreditei que temos de acompanhar as mudanças, pois isso nos coloca na dianteira e faz com que o nosso pensamento seja tão veloz quanto o desenvolvimento tecnológico, deixando nossa mente aberta e com o radar ligado.

O mais recente estudo do IBM Institute for Business Value (IBV), realizado com três mil CEOs, de 30 países, fornece uma visão abrangente desta jornada. Segundo o documento, apesar de os líderes acreditarem que 40% dos trabalhadores irão, em breve, ter de se requalificar, devido à IA, 87% pensam que a IA não veio para nos substituir, mas sim para ampliar nosso potencial. No entanto, o caminho para essa harmonia entre homem e máquina é pavimentado com desafios.

Falta de consistência

Por exemplo, o estudo destaca que mais da metade (56%) dos CEOs estão, atualmente, adiando um grande investimento à espera de mais clareza em relação a padrões e regulamentações. Porém, ao mesmo tempo:

  • 75% acreditam que a vantagem competitiva dependerá de quem possui a IA generativa mais avançada.
  • 50% estão integrando IA generativa em produtos e serviços.
  • 43% estão usando IA generativa para informar suas decisões estratégicas.

Roberto Tomasi da Autostrade per l’Italia, no estudo da IBM, nos oferece uma perspectiva valiosa sobre a tomada de decisões neste cenário: Tente envolver sua equipe. Antes de tomar uma decisão importante, tento confirmar se minha visão está correta. E tento compartilhar o que está sendo considerado na decisão, caso minha equipe tenha dúvidas ou ideias diferentes.

A adoção da IA generativa no negócio e como ferramenta de tomada de decisão já é uma realidade para muitos e só uma questão de tempo para aqueles que ainda estão resistindo. Sabe o “aceita que dói menos?” Então, não podemos lutar contra esse movimento, mas sim nos informar, aprender e buscar melhorar o processo, integrando-o em nossa realidade. Não dá para fingir que não é com você. Essa é uma viagem sem volta. Assim como foi a chegada da Internet, a uberização dos negócios e tantos outros avanços tecnológicos que acabaram reconfigurando o status quo, a despeito das vozes contrárias.

O que todos devemos fazer é nos certificar de que estamos usando a inteligência artificial de uma maneira que beneficie a humanidade, e não que a deteriore, Tim Cook, CEO da Apple.

Diante disso, os CEOs devem traçar um plano claro, para prosseguir nessa jornada, sempre mantendo a visão estratégica. Se antes ser líder já trazia desafios inerentes à posição, agora, nesse cenário, tudo parece ter entrado em uma realidade aumentada.

O estudo da IBM apresentou um guia de ações, bastante norteador, que sintetizei em 10 tópicos essenciais para liderar nessa nova era.

10 ações essenciais para liderar na era da IA

  1. Mude a mentalidade: Inicie com a IA, ao invés de simplesmente adicioná-la ao processo, e sempre priorize a segurança e o uso responsável das IAs.
  2. Receba insights em tempo real: Use painéis digitais para monitorar e reagir rapidamente às tendências e dados.
  3. Dê prioridade à integridade dos dados: Na era da IA generativa, a linhagem, proveniência e segurança dos dados são fundamentais.
  4. Seja estratégico: Identifique e invista em modelos de uso de IA que estejam alinhados aos princípios e valores da organização e potencializem seus diferenciais competitivos.
  5. Segurança rigorosa: Adote uma postura de segurança de zero confiança, especialmente nas fronteiras da IA generativa e computação quântica.
  6. Estabeleça parcerias sólidas: Invista em parceiros-chave do ecossistema que complementem e fortaleçam a estratégia organizacional.
  7. Baseie sua decisão em dados: Utilize dados de maneira estratégica, adotando diversas abordagens de planejamento e simplificando o fluxo de informações para os tomadores de decisão.
  8. Valorize a liderança especializada: Valorize líderes, como o CDO, que integram estratégias de negócios, tecnologia e dados, e busque equilíbrio entre sustentabilidade e lucratividade com orientações do CSO e CFO.
  9. Promova o desenvolvimento contínuo: Avalie o impacto da IA nos talentos da organização e forneça treinamento e soluções digitais para capacitar e reimaginar os fluxos de trabalho.
  10. Estabeleça padrões e valores claros: Defina e mantenha padrões claros em áreas críticas, incluindo sustentabilidade, segurança de dados e ética em IA.

Precisamos abraçar as oportunidades que a IA oferece, mas mantendo um olhar crítico e um foco firme na humanização de nossos processos e decisões. No final das contas, em um mundo em constante mudança, adaptar-se é mais do que uma habilidade, é uma necessidade.

E você o que anda fazendo para integrar a IA em sua empresa?

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