Costumo dizer que os fatos da vida, especialmente aqueles mais marcantes, devem ser revisitados com o olhar do aprendizado. Você não tem ideia de como isso muda tudo. Tudo mesmo: do resgate da autoconfiança e autoestima a melhores resultados nos negócios. Temos de ser generosos com a nossa história. Abraçá-la, acalentá-la e reconhecê-la como poderosa e geradora do que somos hoje. Nós somos o resultado de nossa história. E aprender com ela faz com que a chave vire e portas se abram, como mágica. Mas não é ilusionismo, é realidade. Esteve o tempo todo ali, só que não conseguíamos enxergar essa potência.
Gosto de usar a metáfora dos músculos: a vida bem vivida, com todos os seus dramas, aventuras, alegrias, desafios e comédias, é que nos dá músculos para enfrentar o que está por vir. Sabe, é como ginástica, se a gente foge da raia, quando chegar na maturidade, não ter criado músculos, vai fazer muita falta.
É preciso viver a dor e o sofrimento
Recentemente, fui surpreendida por uma fala da escritora e filósofa, Adélia Prado, enviada pelo WhatsApp, por um amigo. Era uma entrevista de 2014, no Roda Viva, na qual ela era “sabatinada” por vários jornalistas. O momento que mais me encantou foi quando ela falou sobre sofrimento.
Ela disse: “Uma das coisas mais importantes na vida de uma pessoa é viver o sofrimento. Você tem de dizer sim para aquela dor. Fugir da dor é uma perda de tempo, porque você vai encontrá-la, lá na esquina, outra vez.”
Me identifiquei tanto com a filósofa. Suas palavras são de uma sabedoria e profundidade sem igual. Já dei mais de 20 mil horas de consultoria e mentoria e sempre faço um trabalho com meus clientes focado na ressignificação de sua história. E esse momento é bastante revelador.
Há pessoas que ancoraram no papel de vítima, outras estão congeladas no flash instagramável, fingindo que tudo é lindo e maravilhoso, e algumas, somente algumas, têm a consciência plena de que todo o sofrimento vivido resultou em aprendizado, em evolução.
Quer ressignificar a sua história?
O exercício que proponho para você é baseado na Teoria dos Setênios, criada, em 1919, pelo filósofo e pai da antroposofia, Rudolf Steiner (1861-1925). Seu postulado está baseado no fato de a vida seguir o ritmo da natureza. A partir dessa linha de pensamento, Steiner observa que, a cada ciclo de sete anos, ocorrem mudanças significativas na vida de cada um de nós. Você já tinha reparado nisso?
Não, eu não vou teorizar aqui. Hoje, eu quero que você pratique. Não se preocupe muito em entender — mas, caso queira saber mais sobre essa teoria, leia esse artigo.
Foque no exercício e aprendizado, ok? Quer ampliar seu autoconhecimento e saber o que pode estar impedindo você de voar em sua carreira? Então, vem comigo.
Mas, antes, pegue lápis de cor, canetas, um papel grande, ou vários, tipo A3, e provoque a sua memória e solte a sua imaginação.
Vamos dar os 7 passos?
Passo 1 – Olhe bem para a sua história, concentre-se, mas também busque o lúdico dentro de você.
Passo 2 – Divida a sua vida em setênios e use uma folha, sugiro um folha A3 ou maior, para cada um deles: 0-7, 7-14, 14-21 e, assim por diante. Vá até o seu setênio atual.
PASSO 3 – Agora, viaje pelos setênios, um a um. Se as lembranças estiverem nebulosas, procure a ajuda de seus pais, irmãos ou familiares mais próximos. Pergunte para eles sobre como você era e o que aconteceu em determinadas ocasiões.
PASSO 4 – Levante os fatos e vá anotando, desenhando, ou as duas coisas. Reflita sobre os principais acontecimentos e busque entender o que aquilo trouxe de aprendizado para você.
PASSO 5 – Agora, responda às seguintes sentenças:
- Dos 0 aos 7 anos – O ninho (a família): Eu não sou amado por…
- Dos 7 aos 14 anos – Noção de pertencimento: Eu não pertenço a…
- Dos 14 aos 21 anos – Crise de identidade: Eu não dependo…
- A partir dos próximos setênios, não há perguntas a serem respondidas.