Quando é a hora de eu-empreender?

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Essa é uma pergunta que sempre fazem para mim. E a resposta é simples: não há um momento certo, ideal. Aprendi com uma amiga querida – Stela de Matos Fonseca –, que também foi minha orientanda, que existe o desejo de eu-empreender, mas também existe o momento adequado para que esse movimento ocorra. Ou seja, é no experienciar a vida que a hora da virada vai ser definida. Esse foi o caso da Stela, diretora da Trilhar Consultoria e Treinamentos. 

Stela e eu trabalhamos juntas e nos aproximamos mais em um curso de coaching que fizemos juntas, em 2009. Nessa época, trocamos muitas ideias, nos apoiamos mutuamente e ficamos amigas. Nitidamente, o momento de cada uma de nós era bem diferente. Eu, partindo novamente para ter o meu próprio negócio, porém pela primeira vez, decidida em ter minha eu-empresa, e ela buscando formação para investir ainda mais no universo corporativo. A seguir, compartilho um pouco sobre uma conversa que tivemos recentemente, relembrando a sua história e seu momento de eu-empreender.

A jornada de Stela

Psicóloga, professora universitária, consultora, coaching e especialista em Gestão de Recursos Humanos e treinamentos de soft skills, Stella sempre teve uma trajetória bem-sucedida nas empresas pelas quais passou. Entre 2005 e 2012, por exemplo, foi gerente de RH em uma organização que apresentou um crescimento exponencial: passou de 70 funcionários para 1,5 mil, em apenas sete anos. Foi em meio a esse trabalho dedicado à escalada dessa empresa, que nos conhecemos. “Junto com você comecei a entender que uma carreira não poderia se resumir a cargos”, conta.

Na verdade, Stela fez o curso de coaching para se aprofundar no mundo corporativo. Mas, ao mesmo tempo, naquela época, já vivia um dilema: não sabia se queria ser executiva interina, celetista, ou se o seu desejo era ter a sua eu-empresa.

Passou um tempo, continuamos em contato, e a Stela acabou saindo daquela empresa. “Fiquei sem chão”, relembra ela. No entanto, Stela sempre teve um espírito de eu-empreendedorismo, só que não se dava conta. Sua carreira começou com o atendimento clínico como psicóloga, depois seguiu para consultoria. “Em 1997, com apenas 24 anos, me tornei a consultora mais jovem da FIAT”, relembra. Ser consultora não fazia parte de seus planos de carreira, mas começou a gostar e a estudar, para se aperfeiçoar nessa área. ”A consultoria passou a ser o meu carro-chefe. Mas eu era consultora de um cliente só, pois deixava me absorver demais pelo trabalho”.

Outro sinal da veia empreendedora de Stela foi a sua atuação em um projeto para o desenvolvimento de uma plataforma de inteligência artificial, ainda inédita no mercado, para fazer a seleção de recursos humanos. “Durante dois anos, eu fiz a curadoria da ferramenta, juntamente com dois colegas. Eles seguiram no empreendimento e eu saí”.

Puxando o fio do novelo

Em 2020, Stela me procurou, para participar do meu programa de transformação de carreira: o Papilio para Você, um embrião do programa Néctar, voltado a profissionais com mais de 50 anos. “Não queria mais o mesmo modelo de consultoria e coaching que desenvolvia”. Esse foi o momento em que ela se conscientizou. O momento em que ela realmente assumiu seu lado B, o de eu-empreendedora. 

“O programa me ajudou a recuperar a minha autoestima pessoal e profissional, além de me ajudar no desenvolvimento da estratégia de meu negócio. Mostrou-me, ainda, como ter rentabilidade na carreira, sem ter emprego fixo: como cobrar, vender e me posicionar. Com isso, consegui enxergar que ter um emprego seria como voltar a viver em um cercadinho. E, assim, juntas, começamos a puxar o fio desse grande novelo da minha vida profissional”.

A virada de Stela

Quando Stela assumiu que era isso que ela realmente queria, aí mergulhou de cabeça: criou seus eu-produtos, fez a precificação e foi para o mercado. Além disso, ela conseguiu definir qual era o segmento em que mais gostaria de atuar, que fazia sentido para ela e tinha o seu jeito inovador e inquieto de ser: o universo das startups. Mas esse era um campo praticamente novo para ela. E isso talvez seja o mais admirável em sua trajetória. Apostar no desconhecido impulsionou-a e fez com que seus olhos brilhassem de forma especial. “Fiz uma série de formações, participei de seis processos seletivos de startups, mas fui preterida por conta da idade. Nada disso me paralisou”, lembra, com orgulho. 

“Toda essa descoberta tem o seu dedo, conta, olhando com gratidão para mim. Mas esse êxito só foi possível porque Stela abriu seu coração para encontrar seu desejo e o melhor caminho para realizá-lo. Se hoje seu trabalho vai de vento em popa, é porque ela acreditou e se esforçou. O resultado de todo esse investimento é que ela, aos 50 anos, tem duas startups como clientes, sendo que em uma delas ela, ocupa uma posição interina de headde RH; retomou o trabalho na plataforma de inteligência artificial, além de atuar como consultora em projetos e empresas de outros segmentos e participar de um grupo de investidores, que gera frutos em seu trabalho como coaching e mentora.

As descobertas durante a caminhada de Stela foram muito significativas e interessantes. Ela já vinha com uma bagagem de conhecimento muito rica, além de ter uma autocrítica bastante positiva, que fez com que ela subisse os degraus necessários até onde queria chegar. Tudo foi uma questão de juntar as pontas soltas e fazer com que ela decolasse.

Será que para você também chegou a hora de eu-empreender?

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