Etarismo corporativo: vamos virar esse jogo?

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Recentemente, um levantamento feito pelos portais Vagas.com, Colettivo e Talento Sênior apontou que 24% dos profissionais entre 30 e 39 anos – de um universo de 6,2 mil entrevistados – já passaram por preconceito devido à idade. Ou seja, foram considerados “velhos” pelo mercado. A pesquisa confirmou, ainda, que a faixa etária que mais sofre com essa questão é a que está entre 40 a 49 anos, o equivalente a 56%. Outra pesquisa, também recente – de Profissionais Brasileiros, realizada pela Catho –, revelou que 60% dos profissionais de meia-idade estão desempregados: 67,2% das mulheres acima dos 37 anos e 62,1% dos homens acima dos 40 anos.

Estamos vivendo um momento único em que o etarismo – discriminação relacionada à idade – tem ganhado espaço não só nas discussões na mídia, como também dentro das corporações. No entanto, quando nos deparamos com dados como esses, entendemos que ainda temos de avançar muitas casas para virar esse jogo.

Quando eu estava com 47 anos, senti na pele o que era sofrer esse tipo de preconceito – isso há dez anos, uma época em que pouco ou nada se falava explicitamente sobre o assunto. Foi nesse período que resolvi dar uma virada em minha carreira. Saí da empresa na qual atuava como executiva, achando que seria fácil conseguir outro emprego, me recolocar e tocar a vida em frente. Mas não foi bem assim. As pessoas nem sequer me chamavam para uma entrevista e, quando chamavam, não recebia feedback. A partir daí, comecei a entender que, aquilo que eu achava ser bobagem, ou desculpa para quem não conseguia emprego, na verdade era – e é – algo bem sério e preocupante. Infelizmente, de lá para cá, esse problema só cresceu e se enraizou no mundo corporativo.

Em minha história profissional como orientadora e mentora de carreiras tenho testemunhado histórias de profissionais que ficam três, quatro anos, ou mais, sem ter uma oportunidade de trabalho. Outros acabam desistindo, entram em depressão e no chamado processo de desalento, quando não enxergam uma luz no fim do túnel e, aos poucos, vão perdendo a esperança.

Redesenhando esse cenário

        Motivada a contribuir para a mudança desse cenário, idealizei, há uma década, um programa para ajudar os profissionais maduros a enxergarem novas possibilidades em suas carreiras e redesenharem sua trajetória, a partir do empoderamento e ressignificação de sua história de vida, apropriando-se de suas experiências e talentos. Há um ano, o programa ganhou o nome de Néctar e, posso dizer, com clareza e certeza, que ele vem ajudando muitos profissionais experientes a encontrar maneiras de seguir adiante com suas carreiras, a despeito do etarismo.

      Com essa bagagem acumulada, tenho condições de avaliar como vem funcionando o mercado em relação à idade dos profissionais. Muitas vezes, quem vive o preconceito no dia a dia só se dá conta mesmo do que está acontecendo, quando perde o emprego. Em outras situações, o próprio executivo maduro é o primeiro a barrar uma contratação de um profissional acima dos 45 anos. E aí está um grande paradoxo, pois o executivo que rejeita perfis de profissionais mais velhos, amanhã também estará fazendo parte do contingente de desempregados na maturidade. Se esse comportamento não mudar, fica, portanto, estabelecido um círculo para lá de vicioso.

E é óbvio, que isso começa a acarretar uma série de problemas para aqueles que se veem impossibilitados de exercer o seu ofício por conta da discriminação etária: queda do poder aquisitivo, depressão, ansiedade, baixa autoestima, crises familiares etc. Depois de algum tempo, o profissional que está desempregado começa a achar realmente que não tem mais valor e a se questionar: “Será que tudo que estudei, aprendi e vivi não serve mais para nada?”

Claro que serve, e muito! Por isso, nessa hora, não dá para prescindir de ajuda. Entre os principais pontos a serem trabalhados estão a busca pelo autoconhecimento, a compreensão e aceitação de que o que está sendo vivenciado é um problema, sim, mas possível de ser revertido. Dessa forma, ao invés de ficar brigando com o que está acontecendo, é preciso mudar de atitude, para seguir adiante.

A longevidade só é vivida quando bem preenchida

Para ter qualidade de vida, precisamos preencher a vida. Temos de estar presentes no mundo de maneira plena: com projetos, relacionamentos, realizações, trabalho e prazer. E não é preciso chegar à maturidade para começar a cuidar de sua longevidade. Não, pelo contrário, o ideal é que você comece agora a olhar para o futuro, buscando entender e planejar o que deverá ser feito por você, para alcançar autonomia em todas as esferas da vida, quando chegar lá.

Na cronologia biológica de hoje, vivenciamos novos contextos. O mundo está envelhecendo e o Brasil de maneira acelerada. Em nosso país, há mais pessoas de 60 anos do que crianças com até 5 anos de idade. Um estudo da Fundação Dom Cabral mostra que o Brasil levou apenas 20 anos para dobrar a sua população com 60+ – de 7% para 14% –, enquanto que a França, por exemplo, levou 115 anos para fazer o mesmo.

No passado, as pessoas com mais de 60 anos estavam aposentadas e tinham uma expectativa de vida bem menor. Hoje, há pessoas com 50-60 anos com filhos na faixa dos 10 anos, outras, experienciando, pela primeira vez, a paternidade e maternidade na maturidade. E lógico, tem também aquelas pessoas que chegam aos 50-60 anos financeiramente estáveis. Em quaisquer das situações, a verdade é que, para viver esses novos tempos, é preciso se manter ativo. Afinal, ter longevidade significa poupar recursos para vivenciar o que faz – e fará – a nossa alma feliz.

 Você está preparado para ter uma vida longa?

Você está criando condições para ter autonomia nessa vida longeva que lhe aguarda? Querendo nós ou não, com medo ou não, vamos viver mais. Esse é um fato.

A expectativa de vida vem crescendo nos últimos anos. Para os maduros, isso é oportunidade.  A vivência da pessoa madura não está sendo levada em consideração, por conta de falsas premissas. É comum ouvirmos: “Fulano está velho para: 

(a)   acompanhar os avanços tecnológicos,

(b)   interagir com os jovens,

(c)   entender novas ferramentas,

(d)   ter agilidade,

(e)   fazer isso ou aquilo.

No entanto, enquanto você está lendo esse texto, dezenas de pessoas acabam de completar 50 anos. Isso mesmo, a cada 21 segundos o time dos maduros ganha mais um jogador. A economia prateada movimenta R$ 1,6 trilhão por ano. No entanto, se não houver oportunidades de trabalho e de ganhos financeiros para essa população, em breve, essa conta não vai fechar. Convido você a refletir, respondendo às seguintes perguntas:

1.      Você acha que a aposentadoria vai ser suficiente para garantir as suas necessidades na velhice?

2.     Se você viver além dos 80, 90 anos, você acredita que conseguirá ficar sem atividade por 30, 40 anos?

3.    Você já contratou um profissional com mais de 50 anos para trabalhar em sua equipe?

4. Para você, a maturidade é uma ameaça ou uma oportunidade?

Transição de carreira é o caminho

Se a pessoa madura não fizer uma transição de carreira, provavelmente, ela será pega de surpresa pelo desemprego. O emprego formal é um ciclo finito, mesmo para os profissionais autônomos. Com a idade, a empregabilidade é menor e o tempo de permanência em uma empresa diminui.

Outro ponto muito importante é a atualização profissional. E esse é um paradoxo: nunca tivemos tanta informação, porém, muitas vezes, toda essa fartura de conhecimento assusta e não sabemos nem por onde começar ou recomeçar, não é mesmo? Por outro lado, para se manter atualizado não é necessário dispender muitos recursos: há uma grande oferta de formações gratuitas ou com preços bastante acessíveis. Assim, é preciso identificar os gaps, encontrar o caminho profissional que se pretende seguir, partir para o aprendizado e traçar um plano para o seu negócio.

É preciso libertar-se de certezas limitantes. Não podemos ter medo da idade que temos, nem da idade que teremos. Precisamos ser os primeiros a dizer não ao etarismo e isso vale também para o autoetarismo: o preconceito que acabamos impingindo a nós mesmos.

Em síntese

  • O mundo está em transformação.
  • O envelhecimento da população e o aumento na expectativa de vida são uma realidade científica.
  • É preciso combater o etarismo e o autoetarismo.
  • Não é a idade que define você, mas sim a sua atitude diante da vida.
  • É preciso ter longevidade e autonomia não só na vida, mas também na carreira profissional.

É necessário que haja uma mudança de paradigma, de mindset: As empresas precisam se preparar para oferecer novas formas de contratação para o profissional maduro. Quem enxergar primeiro essa oportunidade estará na dianteira.

O programa Néctar

Idealizado por mim, na Papilio Empresarial, empresa que fundei há mais de dez anos para orientar profissionais e empresas em momentos de transição, o programa Néctar foi feito sob medida para quem quer transformar seu sonho e talento em um negócio rentável e sustentável. Se você está em processo de mudança, quer dar uma guinada em sua carreira ou tem o desejo de empreender, o programa Néctar vai ajudar você a trilhar esse caminho com segurança e assertividade. Para isso, o programa leva em conta a sua história de vida e seu aprendizado, conectando-os com o seu momento, perfil e desafios profissionais.

Focada prioritariamente em pessoas com mais de 45 anos, a jornada do programa Néctar foi preparada por uma equipe multidisciplinar formada por Cris Barata, orientadora de carreira, empreendedora e proprietária da Papilio Empresarial; e Márcia Carneiro, jornalista, especialista em Comunicação e Conteúdo de Marca, e proprietária da Arandu Produtora de Conteúdo.

Com expertises diferentes e complementares, as duas se uniram para realizar esse programa. O objetivo é orientar e guiar aqueles que necessitam de um trabalho mais focado e individual no processo de ressignificação de sua trajetória pessoal e profissional, transformando o aprendizado de uma vida em oportunidade de negócio. Se quiser saber mais sobre como funciona esse programa, faça contato comigo. Será um grande prazer falar com você.

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